Empresários que coordenam o projeto do SC Brasil. Da esq. para dir. Ricado Krobel, Diretor de Negócios, Laura Porto, Diretora de Estratégia (de azul claro), Adilson Pacheco, Diretor Geral e Jaqueline Gazaniga, Diretora Jurídica
Depois de 17 anos da experiência do Brasil 1, o país voltará a ter um barco na raia da The Ocean Race, a Regata de Volta ao Mundo, a mais popular e disputada do planeta, que terá a largada em Alicante, na Espanha, em outubro de 2022.
O SC Brasil Esporte Náutico foi idealizado no ano passado por quatro empresários de Itajaí (SC) e já está inscrito na The Ocean Race que também terá sua parada na cidade portuária catarinense.
O barco será um IMOCA baseado na França em um projeto com o custo estimado de R$ 60 milhões por um ano em uma tripulação que começará a ser definida a partir de meados de maio quando os patrocinadores serão divulgados. O que se sabe é que teremos tanto brasileiros quanto franceses à bordo.
A ABVO bateu um papo com Adilson Pacheco, diretor geral do projeto, que nos contou os objetivos e desafios do barco que busca promover Itajaí e o Brasil do mundo.
Confira na íntegra a entrevista.
ABVO – Qual a expectativa de atletas para o barco SC Brasil ? Já foi definida a tripulação ?
Adilson Pacheco – O SC Brasil ainda está focado nos patrocinadores. A estimativa é que na segunda semana de maio se inicie a formação do time e a questão do skipper, toda a tripulação. Posso te adiantar que a base do barco será na França. Estamos inscritos na categoria IMOCA. Optou-se por ela por ser um barco mais moderno, tecnológico, mais ousado em relação ao outro modelo. E também pelo baixo número de tripulantes – cerca de seis -, e equipe de terra, cerca de vinte pessoas. Supostamente se economiza no volume de pessoas envolvidas, mas também são projetos de valores bem expressivos.
Por que a opção por entrar na The Ocean Race ?
Adilson Pacheco – A partir da premissa que a The Ocean Race mudou a face quando em abril de 2010 a cidade de Itajaí passou a receber a perna brasileira. Acompanhamos ao longo desses 11 anos e vimos ser um evento de impacto, um case de negócio. Em cima disso, vimos a oportunidade de levar o Brasil a participar pela segunda oportunidade da maior regata da Terra. Primando algumas ações bem objetivas. Como o próprio nome diz a sigla SC, de Santa Catarina, visa fomentar a economia e turismo do estado à nível mundial. Vivemos o momento onde a pandemia ataca a economia, sendo desafiada, porque não levar a economia de Santa Catarina à bordo de um barco nas dez paradas mundiais ? É o novo marketing, visibilidade de uma região do país , é esse foco que a SC Brasil se propõe. A The Ocean Race é classificada como uma das três maiores competições do mundo que dá uma visibilidade mundial, em torno de 157 países, em cima disso que focamos. Vender a economia de SC no contexto mundial e provocar que o Brasil venha participar dessa modalidade esportiva. Apesar das menções oceânicas que o Brasil tem, ainda não temos um esporte náutico tão acentuado como o futebol. É um dos desafios que buscamos, de fomentar, criar, estimular, provocar essa modalidade esportiva que mudou Itajaí. A cidade tem duas histórias, antes e depois da The Ocean Race. Antes era uma cidade portuária e pesqueira. Depois virou um dos pólos náuticos nacionais, cidade que recebe grandes eventos internacionais. Pra você ver, Itajaí já recebeu depois duas edições da Transat Jaques Vabre e antes tinha defasagem em hospedagem, tanto é que na época da primeira The Ocean Race, a organização chegou a cogitar a trazer um navio de cruzeiro para atender a demanda e hoje a cidade é auto suficiente. Em suma, se uma parada fez tudo isso, imagina uma parada com um barco ? Acontece o mesmo Sania e Abu Dhabi, as duas participam com um barco e uma parada. O foco deles é vender o turismo. Pegando esse modelo mercadológico, queremos trazer também, vender o Brasil ao longo de dez países ao longo de um ano. Sabemos o impacto econômico que isso causa.
ABVO – Quais são os desafios e os custos de ter um barco brasileiro na The Ocean Race ?
Adilson Pacheco – O orçamento está na ordem de R$ 60 milhões , em torno de 10 a 12 milhões de euros. Ao mesmo tempo, quando se compara os valores investidos, você fica assustado. Mas pegando o exemplo, a parada em Itajaí (SC) rendeu em torno de R$ 86 milhões para o comércio local . Em suma, é um evento de rentabilidade, retorno para a cidade e o país. Aí você pergunta pois estamos em tempo de pandemia, a regata acontece em outubro de 2022 saindo de Alicante, estamos com vacinas para amenizar a COVID-19 . Amenizando como será reaquecida a economia. Temos uma oportunidade, um novo mercado, um barco chamado SC Brasil Esporte Náutico.
ABVO – Como é a SC Brasil Esporte Náutico ? Como surgiu ?
Adilson Pacheco – É uma empresa criada por empreendedores de Itajaí , eu Adilson Pacheco, Ricardo Grobel, diretor de negócio, Laura Porto, diretora de estratégia, Jaqueline Gazaniga, diretora jurídica. Nos unimos e criamos a empresa. Está ganhando espaço à nível nacional. É desafiador ? Sim. Mas estamos vendo boa receptividade de patrocinadores, empresários, dos governos. Apesar de toda essa crise pela pandemia, vamos conseguir colocar esse barco na raia da The Ocean Race. O Brasil estará na próxima edição, podemos afirmar. Posso adiantar que será uma tripulação franco-brasileira, teremos tripulantes da França já que a SC Brasil está em tratativas com grupos de lá, mas o mundo é desafiador nos embute a buscar formatos para estimular para mudar o quadro de um país e uma cidade.
ABVO – Quais patrocinadores o barco já possui ?
Adilson Pacheco – Vamos oficializar em meados de maio. Estamos em tratativas com muitas empresas, em torno de dez empresas finalizando. Como estamos em conversas precisamos ir com cautela estabelecemos um cronograma de cada ação envolvendo o barco.
ABVO – Há garantia para cobrir todos os custos ?
Adilson Pacheco – Sim. Estabeleceu-se todo o planejamento comercial de forma que todos os custos, o barco , transfer, viagens, logística envolvida numa equipe, a SC Brasil tem certeza que os patrocinadores irão cobrir todos os custos. Estamos em uma pandemia retraindo um pouco o mercado, mas ao mesmo tempo procuramos vender que existe um mercado pós-pandemia e que ele pode começar a ser feito com o SC Brasil que é um barco de oportunidades. Nossa visão não é apenas participar da Regata Volta ao Mundo, mas sim levar a economia e o turismo de Santa Catarina e do Brasil a um mercado de dez países e os demais dos barcos participantes. Teremos uma grande vitrine mundial e no momento que a economia precisa de um aquecimento aqui, fomentando na Espanha, Dinamarca, Estados Unidos, China, Cabo Verde, Holanda, África do Sul, Nova Zelândia. Paralelamente a isso temos barcos participantes da Alemanha, França, Espanha, China, Ásia e mais um da Europa e da Itália. É um choque de visibilidade mundial. É um grande momento de fomentar a economia nacional e botar nossa imagem lá fora. Vamos vender nosso produto lá fora. Teremos dois momentos importantes que serão o Visit Brazil e o Coffe Brazil , evento local na sede da parada, no Boulevard do Barco, com palestras, exposição de material , coffes, jantares, reuniões corporativas, isso em nível da vida-regata. Estamos estudando o Visit Brazil que seria Visite o Brasil lá fora , através de ações corporativas com workshop com feiras brasileiras nas paradas lá fora. Podemos ter a feira brasileira na China onde o barco ficará por cinco até dez dias, depois em Genova, na Itália. Vamos enfim vamos promover a feira em todas as paradas.
ABVO – Por que escolher a França como base do SC Brasil ?
Adilson Pacheco – Para fazer a base no Brasil os custos seriam muito altos, a Jaques Vabre nos aproximou muito e essa proximidade com Itajaí, Brasil e alguns empreend
edores nos aproximaram e demonstrou que a França é um boom para nós dados os conhecimentos. A França tem se mostrado bem receptiva.
ABVO – A família Grael fará ou poderá fazer parte do barco da The Ocean Race ? Houve algum contato ? Torben Grael poderia fazer parte ?
Adilson Pacheco – Nesse momento o foco é a capitalização e o fechamento dos patrocinadores. A partir do momento que se divulguem os patrocinadores começaremos a formar a equipe com a contratação do skipper, diretor de esportes e rotina que envolve o barco e sua tripulação.
Sobre o Torben, estamos falando de uma das grandes lendas do esporte mundial náutico. Ainda não tivemos a oportunidade de conversar com ele, pois nesse momento a SC Brasil está focada no patrocínio e no momento oportuno queremos sentar e conversar. A SC Brasil é proprietária do barco e quem escolherá a equipe será o diretor de esportes, então a partir do momento que definirmos…estávamos em tratativas com o Joca Signorini, mas o Joca foi para outro time na Europa. Estamos em tratativa com outros velejadores. Joca seria importante por ser brasileiro e ter participado de quatro The Ocean Race e atuou na área corporativa da edição passada. “
ABVO – Depois de escolherem a tripulação quais os próximos passos ?
Adilson Pacheco – Depois começam os treinamentos, com base na França, tudo focado na Europa. Após a The Ocean Race o barco fará um tour pelo Brasil no sentido de marketing junto aos parceiros.