A Associação Brasileira de Veleiros de Oceano vem informar e lamentar a morte de Erling Lorentzen, aos 98 anos, na Noruega.
Erling foi um patrono da Vela de Oceano no Brasil. Um dos comandantes mais destacados do esporte no país, com seus veleiros nomeados “Saga” obtendo grandes conquistas nacionais e internacionais com destaque para a Regata Fastnet Race, na Inglaterra, em 1973. Na vela ele foi responsável pela implantação da classe Soling em 1970, classe onde conquistamos uma Prata em Olimpíada de Los Angeles em 1984 com o Torben Grael, Daniel Adler e Ronaldo Senfft.
Erling foi um herói da 2ª Guerra Mundial onde tomou em salto de paraquedas posição inimiga nazista na libertação de seu país, a Noruega.
Adotou o Brasil com amor para empreender, navegar e viver. Casado com a falecida Princesa Ragnhild (irmã do atual Rei Harald) ele deixa três filhos, Haakon (comandante do veleiro Duma), Ingeborg, Rangnhild . Como empresário, Erling empreendeu no setor de celulose e da navegação, dentre outros segmentos. Por duas ocasiões foi eleito o empresário do ano no Brasil.
“Como navegador, foi o símbolo da elegância e da etiqueta náutica . Seus veleiros Saga fizeram história . Todos os seus tripulantes , como seu eterno imediato Roberto Pellicano, possuem orgulho de terem singrado os mares com o Viking Brasileiro por opção,Erling Lorentzen. Seu numeral BL-333 fica imortalizado por ser propositalmente o endereço de seu clube na Av. Pasteur 333, o Iate Clube do Rio de Janeiro. Nossas condolências com os filhos Haakon (comandante do veleiro Duma), Ingeborg, Rangnhild e toda família Lorentzen”, afirmou Lars Grael.
Mario Martinez, comodoro da ABVO, disse: “Foi o único comandante brasileiro a vencer uma das mais importantes regatas do mundo, a Fastnet na Inglaterra. Foi um super entusiasta da Vela, doou barco para marinha, foi um patrono da Vela de Oceano de Brasil. É uma grande perda para a Vela de Oceano nacional”.
Pré-Braile, Contra Comodoro do Iate Clube do Rio de Janeiro, velejou com Erling por vários anos no famoso Saga e trouxe suas memórias: “Tínhamos uma convivência de amigos. Eu era tripulante dele. Na época tripulantes eram amigos, não existia o profissionalismo de hoje onde o proprietário paga para seus tripulantes competirem. Ele era um esportista, muito forte, trabalhava muito. Ele disputava competições nos Estados Unidos nos finais de semana e voltava na semana para o Brasil para trabalhar, como se fosse uma Ponte Aérea. Era sempre justo com toda a tripulação e um grande velejador”, conta Pré-Braile que comentou sobre as grandes competições ao lado de Erling.
“Começamos a velejar em 1966 em um veleiro 45 pés, com ele fizemos três Santos-Rio . Em 1971 construiu o famoso Saga, o vermelho, fizemos o Circuito Rio, depois em 1972 fizemos o Newport-Bermuda Race, ganhamos três regatas, terminamos em terceiro no geral. Em 1973 disputamos o Admirals Cup, ganhamos a Fastnet. Lembro que foi uma regata difícil com vento fraco, na região com muita maré alta e baixa, fomos bem, nosso maior concorrente era o americano barco, vencemos eles no finalzinho. Foi um título muito comemorado. Inglês dá muito valor a quem disputa e conquista essa regata, mal comparando é como vencer uma Copa do Mundo de futebol, nós éramos reconhecidos na rua se estivéssemos com a camisa do Saga, recebíamos os parabéns”, seguiu.